CNA denuncia varejistas francesas à União Europeia por boicote à carne brasileira

Petição entregue em Bruxelas aponta difamação coordenada e possível violação do Acordo Mercosul-UE por parte de redes varejistas francesas.

Por Cleide Assis

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou nesta terça-feira (27), em Bruxelas, uma petição solicitando à Comissão Europeia a abertura de investigação formal contra quatro grandes redes varejistas da França — Carrefour, Les Mousquetaires, E. Leclerc e Coopérative U — por promoverem campanha de boicote à carne brasileira e dos demais países do Mercosul.

Fonte: Fabio Rodrigues – Pozzebom | Agência Brasil

A ação, coordenada pelo presidente da CNA, João Martins, foi conduzida por uma comitiva que incluiu o vice-presidente de Relações Internacionais da entidade, Gedeão Pereira; a senadora Tereza Cristina, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA); a diretora de RI, Sueme Mori; e o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni. O grupo argumenta que as declarações das varejistas, feitas em novembro de 2024, são infundadas e comprometem a reputação internacional da carne brasileira.

As redes francesas, que juntas detêm 75% do mercado varejista da França, anunciaram publicamente que deixariam de comercializar carne proveniente do Mercosul, alegando preocupações com os padrões sanitários — ainda que os produtos exportados pelo Brasil cumpram rigorosamente as exigências da União Europeia.

Na petição, a CNA solicita:

A confederação alega que a ação coordenada entre as empresas viola as regras de concorrência da União Europeia e desrespeita os termos do Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a UE, firmado em dezembro de 2023. Além disso, a CNA considera que esse tipo de boicote é um obstáculo injusto ao comércio e mina os esforços para ampliar o mercado de exportação da agropecuária brasileira.

“A carne brasileira tem qualidade reconhecida globalmente e atende aos mais altos padrões de segurança alimentar. Não podemos permitir que campanhas difamatórias comprometam a credibilidade dos nossos produtos”, afirmou Gedeão Pereira. Já a senadora Tereza Cristina foi enfática: “Quem falar mal da nossa carne vai ter que responder por isso”.

A petição também menciona uma publicação feita pelo presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, que questionava a conformidade das carnes do Mercosul com as normas francesas, dando início a uma onda de posicionamentos semelhantes por outras redes varejistas do país.

A CNA reforça que o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne bovina, suína e de aves, com presença consolidada em mercados exigentes como União Europeia, Estados Unidos, China e Oriente Médio. O episódio marca mais um capítulo da crescente tensão comercial entre setores europeus protecionistas e o agronegócio brasileiro, que busca ampliar sua presença internacional com base em sustentabilidade, segurança e qualidade.

A expectativa agora é que a Comissão Europeia acolha o pedido e tome as medidas necessárias para garantir que práticas discriminatórias não prejudiquem o livre comércio entre os blocos.

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