Alfonsin: Com retirada de incentivos, dificilmente haverá êxito no Fiagro
Foi publicada nesta terça-feira, 30, a Lei 14.130/21, que cria os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), instrumento de captação de recursos para o agronegócio no mercado financeiro.
O novo tipo de fundo permite que investidores nacionais e estrangeiros invistam no setor através de aplicações em ativos do agronegócio (como títulos de crédito ou de securitização emitidos por empresas de cadeias produtivas agroindustriais) ou compra de propriedades, que poderão ser depois arrendadas ou vendidas a produtores.
- Fiagro vira lei mas vetos de Bolsonaro preocupam o setor produtivo
- FPA pretende agir para derrubar vetos presidenciais à lei do Fiagro
- ‘Vetos do Fiagro deixam fundo para investimentos na agroindústria menos atrativo’
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, vetou quatro pontos da proposta, que agora serão analisados pelo Congresso Nacional. Os trechos retirados da lei previam benefícios fiscais para os investidores dos Fiagros, como isenção de imposto de renda na fonte para as aplicações efetuadas, e isenção do mesmo imposto para os rendimentos de cotas negociadas em bolsas de valores ou no mercado de balcão organizado.
Os quatro vetos foram propostos pelo Ministério da Economia, que alegou que os dispositivos implicavam em renúncia de receita, e não havia previsão de corte equivalente de despesa, prazo de vigência dos benefícios e estimativa de impacto orçamentário, como manda a legislação.
Análise
Segundo o analista jurídico, Ricardo Alfonsin, esses incentivos são fundamentais para o sucesso do Fiagro. “Infelizmente, se nas áreas rurais não tiverem atrativos para chamar os investidores, não terá sucesso. Infelizmente esses vetos tiraram os atrativos. Vejo como uma dificuldade muito grande da bancada do agro em derrubar os vetos, pois quando se bate de frente com o Ministério da Economia, não é fácil.”
De acordo com Alfonsin, a “guerra” será grande, já que o Ministério da Economia não está em condições de renunciar receitas.
FPA tentará derrubar os vetos
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), defendeu, na reunião da diretoria da bancada realizada nesta terça-feira, 30, a derrubada dos vetos presidenciais a lei que institui os Fundos de Investimentos das Cadeias Agroindustriais (Fiagro).
“Hoje,da forma como ficou sancionado o projeto, inviabiliza o Fiagro. Vamos articular com o governo a derrubada dos vetos no Congresso Nacional. O agro entrega muito a economia do país com geração de empregos e renda e merecemos o justo tratamento nessa lei”, argumentou Sérgio Souza.
A justificativa da Receita Federal é que a proposta original geraria renúncia de receita. O autor do projeto de lei 5191/20 na Câmara, agora convertido em lei, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), afirmou que um dos vetos impede a equiparação fiscal com os Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs). Conforme a FPA, a justificativa da Receita Federal é que a proposta original geraria renúncia de receita. “Os vetos descaracterizam o projeto e comprometem a existência do Fiagro. Queremos equivalência tributária do Fundo em relação aos FIIs e outros fundos de investimentos”, disse ele.
Outro artigo vetado trata do diferimento (adiamento) do recolhimento de Imposto de Renda (IR) sobre o ganho de capital apurado na integralização (incorporação) de bens no fundo, como, por exemplo, imóveis rurais.
“Há todo um processo de registro para imóveis no Fiagro. A Receita insiste em tributar nesse momento e a gente defende a tributação apenas no momento da venda das cotas ou por ocasião do resgate, no caso de liquidação do fundo, e não na emissão”, explicou Jardim. “Vamos trabalhar firmemente para derrubar os vetos e garantir a integridade do Fundo. O Fiagro é necessário e o agro vai precisar de mais investimentos para garantir a vitalidade e força aos produtores rurais”, acrescentou Jardim.
Na avaliação do deputado Christino Áureo (PP-RJ), relator do projeto na Câmara, o texto aprovado no Congresso Nacional democratiza o mercado fundiário ao viabilizar investimentos em terra por cidadãos brasileiros e estrangeiros de qualquer porte, sem a efetiva posse ou domínio de propriedades rurais.
“Da forma como foi sancionado, ninguém vai colocar dinheiro no fundo porque fica mais oneroso. Precisamos fazer a derrubada dos vetos para garantir a segurança jurídica dos investidores.”
VEJA TAMBÉM
Argentina estabelece datas do plano de investimento em frigoríficos
O governo argentino estabeleceu novos prazos para apresentação de planos de investimento e adequação dos frigoríficos ao sistema de corte de carne bovina para sua –
Leia MaisSuínos: preços do animal vivo são os menores desde agosto
Os valores médios do suíno vivo recuaram em fevereiro em praticamente todas as praças acompanhadas pelo Cepea e voltaram aos menores patamares reais desde agosto –
Leia MaisCarnes: conflito na Ucrânia vai prejudicar custos na Argentina, diz Bolsa de Rosário
A guerra entre a Ucrânia e a Rússia terá um impacto indireto no mercado de carnes, explicado principalmente pelo forte aumento do custo dos principais –
Leia MaisOvos: poder de compra frente ao milho é maior em 12 meses
As consecutivas valorizações dos ovos comerciais em fevereiro elevaram o poder de compra do avicultor de postura frente aos principais insumos consumidos na atividade, milho –
Leia MaisInfluenza aviária: vírus é encontrado em planteis não comerciais nos EUA
Um vírus altamente patogênico de influenza aviária (HPAI) foi encontrado em planteis não comerciais de aves nos estados de Connecticut e Iowa, nos Estados Unidos, –
Leia MaisBrasil deve embarcar 30 mil t de milho em março, aponta Anec
As exportações brasileiras de milho em março deverão atingir 30 mil toneladas, conforme levantamento semanal da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Em março –
Leia MaisConflito no leste europeu eleva preço externo dos grãos; no BR, milho segue estável
A guerra entre Rússia e Ucrânia elevou com força os preços internacionais dos grãos, tendo em vista que o conflito gerou preocupações com a oferta –
Leia MaisConab indica colheita da 1ª safra de milho em 23,3% no Brasil
A colheita da 1ª safra 2021/22 de milho atingia 23,3% da área no Brasil até o dia 26 de fevereiro, conforme levantamento semanal da Companhia –
Leia MaisConab indica plantio do milho safrinha em 59,6% no Brasil
O plantio de milho safrinha avançou para 59,6% da área estimada no Brasil, com dados recolhidos até 26 de fevereiro. Na semana anterior, a semeadura –
Leia MaisCobb anuncia investimentos de R$ 160 mi em expansão no Brasil
A Cobb-Vantress, LCC, uma das maiores empresas de genética avícola do mundo, vai investir R$ 160 milhões no Brasil para ampliar a sua capacidade de –
Leia Mais