Ir para o conteúdo
23 de setembro de 2021 às 09h40

Custos sobem e produtores de aves e suínos debatem alternativas para alimentação

Os custos de produção de frangos de corte e de suínos registraram novo aumento durante o mês de agosto segundo os estudos publicados pela Central de Inteligência de Aves e Suínos (Cias) da Embrapa. Tanto o ICPFrango quanto o ICPSuíno voltaram a ficar acima da barreira dos 400 pontos, chegando aos 407,53 e 407,15 pontos, respectivamente.

Em agosto, o ICPFrango aumentou 1,68%, influenciado principalmente pelas despesas operacionais com a ração (1,62%) das aves. Agora, o ICPFrango acumula alta de 20,97% somente em 2021 e de 44,27% nos últimos 12 meses.

O custo de produção do quilo do frango de corte vivo no Paraná, produzido em aviário tipo climatizado em pressão positiva, oscilou R$ 0,09 em agosto com relação a julho, passando de R$ 5,18 para R$ 5,27.

Já o ICPSuíno registrou uma alta de 0,18%. No ano de 2021, o ICPSuíno registra aumento de 8,52%.

Nos últimos 12 meses, a variação é de 41,17%. Com isso, o custo total de produção por quilograma de suíno vivo produzido em sistema tipo ciclo completo fechou em R$ 7,12.

Alternativas

Atualmente, 90% das rações fabricadas para aves e suínos têm milho e farelo de soja como principais ingredientes.

Nesse contexto, produtores estão buscando alternativas para driblar os altos custos de produção, que têm corroído a renda de produtores – em especial os independentes. No Paraná, o tema foi debatido na Comissão Técnica de Suinocultura do Sistema Faep/SENAR.

O uso de cereais de inverno na formulação de rações e possíveis investimentos em equipamentos para o processamento desses grãos por produtores estiveram entre os destaques.

Deborah Geus, presidente da CT, demonstrou preocupação com os grandes investimentos feitos por megacorporações, que aumentam a eficiência produtiva e empurram pequenos e médios produtores para a inviabilidade. “Nós precisamos nos unir para melhorarmos nossos índices, reduzir custos e buscar alternativas para que possamos conseguir nos manter competitivos. Hoje, ou crescemos e modernizamos o negócio, ou o sistema vai tirando do mercado”, alertou.

Um dos produtores independentes presentes na reunião, Wienfried Matthias Leh, da região de Guarapuava, no centro-sul do estado, afirmou que, desde janeiro, o caixa tem amargado sistematicamente prejuízos. “Com essas cotações de milho e soja, o preço atual dos suínos não tem remunerado suficientemente o meu negócio. Tenho dialogado com a agroindústria para chegarmos a arranjos em relação aos custos com ração. Não sei ao certo a qual modelo vamos adotar, algo parecido com uma integração. Só sei dizer que do jeito que está não dá mais. Estou pagando para trabalhar”, revelou.

Na reunião, o pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-PR) Elir de Oliveira, disse que há um potencial de 2,7 milhões hectares por ano no inverno no Paraná que fica ou sem cultivo (pousio) ou somente com plantas de cobertura sem fins comerciais. “É viável usarmos essa área para cultivo de alimentos tanto com destinação humana quanto animal”, relata.

Historicamente, o Paraná produz milho em abundância na segunda safra, a ponto de suprir toda a demanda estadual e ainda vender para outros Estados e exportar o excedente. Ou seja, essa questão de cereais alternativos ficou mais evidente apenas neste ciclo, já que, houve uma quebra histórica do produto no Paraná e os preços também estão em patamares nunca vistos.

Com isso, os agricultores têm a oportunidade de investir em outros produtos, que podem ser usados na formulação de rações, como aveia granífera, sorgo granífero, trigo mourisco, milheto granífero e triticale.

Cereais de inverno

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul, os maiores produtores e exportadores de frangos e suínos do Brasil, têm investido cada vez mais em pesquisas e iniciativas para fomentar a produção e a utilização dos cereais de inverno na cadeia de proteína animal.

Em Santa Catarina, por exemplo, a Secretaria da Agricultura do Estado lançou o ‘Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos’. A iniciativa, que conta com a parceria de cooperativas, acontece em cinco regiões do estado. O objetivo é avaliar quais são os melhores cultivares e como eles se adaptam em diferentes condições de solo e clima.

Segundo a Secretaria da Agricultura, o esforço do estado para aumentar o cultivo de cereais de inverno se dá pelo imenso consumo de milho da cadeia produtiva de carnes e leite. O agro catarinense consome mais de sete milhões de toneladas do grão por ano e grande parte desse volume é importado de outros estados ou países.

plantação de cevada

Lavoura de cevada. Foto: Luiz Magnante/Embrapa

No Rio Grande do Sul, o desenvolvimento de cultivares de cevada destinadas ao forrageamento animal é o objetivo de uma parceria da Cotripal com a Embrapa Trigo.

No mundo, 70% da produção de cevada é destinada à alimentação animal. No Brasil, no entanto, o melhoramento genético sempre esteve voltado à produção de cevada cervejeira, mas o trabalho de otimização do uso do inverno na Região Sul abre novas oportunidades para o uso do cereal. “Historicamente, a produção brasileira de cevada esteve orientada pelos parâmetros de qualidade exigidos pela indústria cervejeira, como baixo teor de proteínas e grãos com 95% de germinação. Quando os grãos não atingem o padrão para malteação, acabam destinados à alimentação animal, com remuneração de, aproximadamente, 50% do valor da cevada com padrão cervejeiro. Agora estamos abrindo novas oportunidades para o produtor”, explicou o pesquisador da Embrapa Trigo, Aloisio Vilarinho.

No Campo Experimental da Cotripal, em Condor, RS, estão sendo avaliados cereais de inverno como trigo, cevada, centeio e aveia, em diferentes épocas de cultivo, visando uso em pastejo, silagem, produção de grãos e formação de palha na pós-colheita. “O que mais chamou a atenção foi a cevada, com excelente perfilhamento e bom potencial para silagem. Vamos avaliar também a qualidade da cevada no leite e na carne, mas a expectativa é garantir oferta de sementes aos nossos cooperados já na próxima safra”, conta o gerente do Departamento Técnico da Cotripal, Denio Oerlecke.

Na Embrapa Suínos e Aves, a cevada está sendo avaliada na alimentação de suínos. Resultados de pesquisa mostram que a inclusão de até 80% de cevada em substituição ao milho não causou diferenças no desempenho dos animais, desde que os níveis de energia digestível fossem mantidos. A cevada pode ser usada em até 10% para a fase inicial e livremente para as demais fases, levando-se em conta o teor máximo de fibra e os valores nutricionais exigidos.

Na Embrapa Trigo estão em desenvolvimento novas cultivares de cevada destinadas à alimentação animal. Além de duas cultivares para cultivo no inverno, com ciclo em torno de 130 dias, previstas para chegarem à multiplicação de sementes em 2023, também está sendo desenvolvida uma cultivar de cevada de ciclo ultraprecoce, com cerca de 90 dias até a maturação fisiológica, capaz de suprir o vazio forrageiro outonal na Região Sul.

13/01/2022 às 20h02

Soja: vendas líquidas semanais dos EUA ficam em 735,6 t em 2021/22

As exportações líquidas norte-americanas de soja, referentes à temporada 2021/22, com início em 1 de setembro, ficaram em 735.600 toneladas na semana encerrada em 6 –

Leia Mais
13/01/2022 às 19h01

Embarques de suínos seguem firmes, mas preço interno cai, diz Cepea

As exportações brasileiras de carne suína encerraram 2021 em volumes elevados e seguem registrando bom desempenho neste começo de 2022. Pesquisadores do Cepea indicam que, –

Leia Mais
13/01/2022 às 18h03

Arroba do boi gordo é negociada acima de R$ 330, aponta Cepea

Os preços médios da arroba bovina negociada em São Paulo estão se mantendo acima dos R$ 330 desde o início deste ano, atingindo recorde nominal –

Leia Mais
13/01/2022 às 10h00

MS: 99,6% do rebanho do estado foi vacinado contra aftosa em 2021, diz Iagro

A Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) afirmou que a campanha de vacinação contra a febre aftosa alcançou –

Leia Mais
12/01/2022 às 13h02

Exportação de frango para os Emirados Árabes cresce 29% em 2021

O Brasil se mantém como um importante exportador de carne de frango para os países árabes, especialmente para os Emirados Árabes Unidos. Dados da Associação –

Leia Mais
12/01/2022 às 12h03

Lácteos: Fonterra, da Nova Zelândia, reduz em 1,6% estimativa de coleta em 2021/22

A companhia de lácteos Fonterra, da Nova Zelândia, reduziu sua estimativa de coleta de leite no país na temporada 2021/22, que começou em 1º de –

Leia Mais
11/01/2022 às 12h00

Na Austrália, falta de mão de obra prejudica produção e distribuição de frango

As ações do Inghams Group caíram acentuadamente nesta terça-feira, depois que o maior produtor de frango da Austrália alertou que sua produção e distribuição foram –

Leia Mais
10/01/2022 às 08h03

Argentina aprova exportação de sebo para combustível ao Brasil

O Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina aprovou a exportação de 54 toneladas de sebo industrial da fábrica de Insuga, no –

Leia Mais
10/01/2022 às 06h02

Milho: plantio atinge 94% da área no RS; colheita chega a 13%

O plantio de milho atinge 94% da área no Rio Grande do Sul. Na semana passada, eram 93%. Em igual período do ano passado, eram –

Leia Mais
09/01/2022 às 18h01

Produtores do Brasil devem comprovar uso de termos de IGs europeias para manter direito

Produtores brasileiros têm até 6 de março para comprovar uso de termos de indicações geográficas (IGs) europeias para manter o direito a partir do Acordo –

Leia Mais