Mato Grosso cria câmara setorial para democratizar genética zebuína
Iniciativa da Assembleia Legislativa quer levar touros melhoradores e tecnologia reprodutiva aos pequenos e médios pecuaristas, que representam a maioria no estado
Foto: Divulgação | Canal do Criador
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso instalou oficialmente, nesta semana, a Câmara Setorial Temática da Genética dos Zebuínos. O objetivo é propor políticas públicas e ações práticas voltadas ao melhoramento genético, nutrição, manejo e sanidade do rebanho bovino. A proposta é de autoria do deputado estadual Dr. João (Tangará da Serra) e recebeu aprovação unânime dos 24 parlamentares da Casa.
A medida conta com forte apoio da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (Nelore MT) e será presidida por Alexandre Miranda Melo El Hage, zootecnista, jurado da ABCZ e criador experiente. A nova câmara nasce com a missão de democratizar o acesso à genética de ponta entre os mais de 89% de produtores de menor escala presentes no estado.
Meta é alcançar quem mais precisa
Embora Mato Grosso seja o maior rebanho bovino do Brasil, com mais de 30 milhões de cabeças — em sua maioria da raça Nelore ou aneloradas — menos da metade das vacas são cobertas por touros geneticamente avaliados ou inseminadas com sêmen de qualidade.
Segundo Alexandre, a câmara terá papel essencial na articulação com frigoríficos, instituições financeiras e órgãos públicos para garantir crédito rural e acesso à tecnologia mesmo em regiões mais remotas.
“Queremos que esse avanço chegue a todos os municípios. Nosso desafio é democratizar o melhoramento. Com pasto bem manejado, sanidade em dia e nutrição equilibrada, o touro melhorador entrega mais carne com menos custo”, destacou durante participação no programa Giro do Boi.
Genética que gera impacto direto na economia
Dados da própria Nelore MT apontam que Mato Grosso foi o único estado brasileiro a aumentar o peso médio de carcaça em duas arrobas nos últimos cinco anos, o que resultou em um acréscimo de mais de R$ 4 bilhões à economia estadual.
A instalação da câmara também conta com o apoio de importantes entidades do setor, como SENAR-MT, IMAC, FAMATO, Acrimat e ABCZ. Os trabalhos do grupo serão conduzidos ao longo de 180 dias, prazo estipulado para a entrega de um relatório com propostas concretas para o avanço da pecuária mato-grossense.
Convocação aos pecuaristas
Durante a entrevista, Alexandre reforçou o convite para que todos os pecuaristas participem do processo.
“O sucesso dessa câmara vai depender da união dos produtores. Quem não participa, perde espaço. Como dizia um antigo presidente nosso: ‘Cateto fora do bando é comida de onça’. A hora de agir é agora”, finalizou.