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Transferência de embriões impulsiona produção leiteira no Sertão Central do Ceará

Tecnologia antes restrita a grandes propriedades transforma a realidade de pequenos criadores; expectativa é beneficiar mil produtores e elevar em 25% a produção de leite no estado.

Por Cleide Assis
30 de maio de 2025 às 12h29
Vacas da raça Girolando em pastagem, representando o avanço genético na produção leiteira.

Vacas da raça Girolando em pastagem, representando o avanço genético na produção leiteira.- Foto: Divulgação | Canal do Criador

A genética bovina está promovendo uma verdadeira revolução no Sertão Central do Ceará. Graças à técnica de Transferência de Embriões (TE), pequenos produtores de municípios como Solonópole, Milhã e Senador Pompeu já estão colhendo os primeiros resultados do avanço tecnológico no campo.

A iniciativa, que começou em 2023, é uma parceria entre o Sebrae/CE, FAEC (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará), Senar, Sinrural e CNA. Em 2024, apenas em Solonópole, foram realizadas 130 inseminações. A meta é ambiciosa: transferir 3 mil embriões e alcançar mil produtores em até três anos.

Além de elevar a produção leiteira, a TE permite que os criadores utilizem a genética de matrizes e touros superiores, gerando animais mais produtivos, resistentes e adaptados ao clima da região. O método MOTE (Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões) potencializa esse processo, coletando oócitos de fêmeas de alto desempenho e fertilizando-os com sêmen de touros geneticamente melhorados. Os embriões são cultivados em laboratório até o momento ideal para a transferência.

Segundo Cleverson Carlos, articulador do Sebrae no Sertão Central, a iniciativa tem um impacto direto no desenvolvimento do rebanho regional. “Os produtores passaram a melhorar o nível genético de seus animais, o que gera mais produtividade e retorno nas propriedades.”

O custo médio de uma prenhez gira em torno de R$ 480, mas os criadores contam com subsídios que viabilizam o acesso à tecnologia. “Cada embrião representa um salto genético de pelo menos duas gerações”, reforça o técnico.

Foto: Divulgação

Amílcar Silveira, presidente da FAEC, acredita que o projeto poderá adicionar até 500 mil litros de leite por dia à produção cearense, um aumento de 25% em todo o estado.

Produtores já percebem os efeitos na prática. Edgar Ribeiro afirma que a inovação vai aumentar a eficiência produtiva e reprodutiva do rebanho. Para Beto Pinheiro, a seleção criteriosa das doadoras garante a qualidade genética dos futuros animais. Além disso, a tecnologia trouxe mais confiança e competitividade aos pequenos pecuaristas, que agora veem a possibilidade real de crescimento.

Com mais leite no tanque e genética de ponta no curral, o campo cearense fortalece suas raízes — e planta o futuro com inovação.