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Carne suína: Brasil exporta volume recorde, mas com receita menor

Com retomada surpreendente das exportações, Brasil deve embarcar mais de 1 milhão de toneladas no consolidado de 2022, mas com arrecadação 4% menor em relação ao ano anterior. Ou seja: país está vendendo carne mais barata

Por Giovani Ferreira
27 de dezembro de 2022 às 10h46

Depois de um 1º semestre nada otimista em relação às exportações, os embarques de carne suína reagiram e cravaram 1 milhão de toneladas. Faltando uma semana para contabilizar as vendas externas de 2022, o Brasil já enviou para o exterior o mesmo volume registrado em todo o ano passado.

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No 1º semestre de 2022, as exportações de carne suína ficaram em 458 mil toneladas, com forte indicativo de redução de pelo menos 10% das vendas totais ao exterior. A tendência se inverteu, o mercado reagiu e no 2º semestre deste ano o acumulado já soma 542 mil toneladas. De janeiro a junho do ano passado os embarques já haviam somado 515 milhões de toneladas.

O desafio está no preço da tonelada. Neste momento, com o mesmo volume exportado, a receita cambial é 4% menor que no ano passado. Para 1 milhão de toneladas em 2021, a receita foi de US$ 2,47 bilhões. Enquanto que em 2022 ficou em US$ 2,37 bilhões. Ou seja, o Brasil vai enviar um volume maior de carne suína para o mundo este ano, mas a um preço menor. O país está vendendo mais carne, mas carne mais barata.

O fator China na exportação brasileira de carne suína

carne suína, proteína animal

Foto: Pixabay

Entre os motivos para a tendência de recuo nas exportações estava a retomada da produção chinesa pós peste suína africana. Com a restabelecimento do plantel, ainda no final do ano passado a China também anunciou uma sobretaxa acima de 10% na importação de carne suína, o que em tese iria desestimular as compras e o interesse dos países produtores em negociar com os chinês. E isso realmente aconteceu.

A China deve encerrar o ano com compras 20% menores do Brasil em relação a 2021. Para entender, a China é o maior comprador da carne suína brasileira. Em 2021, mais de 60% de toda a carne de porco exportada pelo Brasil teve como destino China e Hong Kong. Neste ano, as compras pelos chineses devem ficar em 500 mil toneladas.

Para superar as 1 milhão de toneladas embarcadas em 2022, o Brasil está diversificando seu mercado. O conflito entre Rússia e Ucrânia tem favorecido. Na última década, os russos se transformaram em um importante produtor de suínos e, além de importadores, passaram a exportar carne suína. Com as limitações logísticas e econômicas da guerra, os russos restringem sua produção e exportação, abrindo espaço para o Brasil.

Depois de China/Hong-Kong, o maior comprador de carne suína do Brasil em 2022 são as Filipinas, que devem fechar o ano com importações de 70 mil toneladas. No ano passado, os filipinos não levaram nem 30 mil toneladas. Depois vem Chile e Singapura, na casa das 50 mil toneladas cada.

Os embarques nos últimos cinco anos

Confira o histórico dos últimos cinco anos das exportações de carne suína pelo Brasil:

carne suína - exportações - gráfico

Foto: Canal Rural/reprodução

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