LIÇÕES DA PANDEMIA
Entidades se adequam à nova realidade para realização de exposições pecuárias em 2021
Promotores de exposições apostam em novos formatos de eventos e em medidas que tragam segurança aos participantes contra a Covid-19
De maneira geral, o agronegócio superou grande parte das dificuldades impostas pela pandemia no novo coronavírus. Os números ostentados ao fim do último ano foram muito satisfatórios, especialmente na exportação de alguns produtos, como carne bovina e açúcar. No entanto, diferentemente do que ocorreu com os leilões, que tiveram um 2020 positivo, as exposições pecuárias foram fortemente atingidas pelas restrições sanitárias. A maior parte dos eventos foi cancelada, criando um cenário de incerteza para criadores e selecionadores de diversas raças bovinas.
A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ANCB) foi uma das mais prejudicadas pela impossibilidade de realização das exposições. Por ano, a entidade costumava realizar até 80 eventos. Em 2020, apenas dez foram realizados, devido às restrições impostas pela Covid-19.
“O ano de 2020 foi difícil para os pecuaristas que participam de exposições, pois se faz um investimento muito para manter um animal na baia. O criador só assume esse gasto se tem a certeza de que seu animal irá participar dos eventos. Ninguém sabia a duração da pandemia e como ela afetaria o nosso setor no campo das exposições. No entanto, o pecuarista foi perseverante e tratou os animais o ano todo. Só quem está no campo entende essa dificuldade”, diz Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB.
No ano passado, a entidade conseguiu autorização junto às autoridades sanitárias para promover a Expoinel, principal feira da raça nelore no Brasil e uma das maiores da pecuária nacional. O evento, no entanto, precisou passar por ajustes.
Tradicionalmente realizada em Uberaba (MG), a Expoinel precisou ser transferida para Vila Velha, no Espírito Santo no mês de setembro.
“A Expoinel marcou a retomada das exposições agropecuárias no Brasil, uma vez que estávamos desde março sem promover eventos. Nós tínhamos a preocupação em dar andamento ao nosso campeonato de criadores, mas também o cuidado com a saúde dos envolvidos. Então fizemos uma exposição em um local que está afastado dos grandes centros, com a entrada de apenas trabalhadores e seguindo todas as normas de higiene”, comenta o dirigente da ACNB.
“Dentro desse formato acredito que esses eventos podem ser promovidos sem trazer grandes riscos de contaminação aos seus participantes”, complementa Nabih,. Ele também confirma a realização das exposições programadas pela entidade em 2021; a primeira delas será a Expoinel Minas, a ser realizada de 1º a 6 de fevereiro.
Modelo de sucesso
A pandemia obrigou muitos realizadores de exposições a pensarem em novas formas de promover os seus eventos. Foi o que aconteceu com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Vinte dias após a entidade confirmar a realização da Expozebu 2020 entre 25 de abril e 3 de maio, o evento teve que ser cancelado.
Com a impossibilidade de promover seu principal evento, a entidade teve que correr contra o tempo para buscar uma solução que atendesse às suas necessidades. Foi então que surgiu a iniciativa de promover a Expogenética 360º, o primeiro evento 100% virtual promovido pela entidade.
“Em meio à crise provocada pela pandemia, nós tivemos que nos reinventar, e o resultado foi muito positivo com a realização da Expogenética 360º. Foi um saldo maior do que nós esperávamos. Nossa receita por animal cresceu 66% nesse evento, por isso, acredito que esse formato virtual para exposições veio para ficar”, diz Rivaldo Machado Borges, presidente da ABCZ.
O dirigente da entidade ressalta que o sucesso do evento desenvolvido dentro de uma plataforma digital pode ser traduzido em números. Segundo Borges, a Expogenética 360o contou com a participação de 90 países, alcançando mais de 1.600 cidades em todo o mundo.
O legado que a feira trouxe para a ABCZ será implementado para a edição de 2021 da Expozebu. De acordo com o presidente da entidade, a intenção neste ano é de que a feira seja promovida em um formato semi-presencial.
“A partir da liberação das autoridades sanitárias, nossa ideia é fazer um evento com a participação dos expositores e pecuaristas. Nós já criamos um protocolo para dar segurança aos participantes, onde daremos continuidade em algumas ações virtuais que aconteceram na última Expogenética. Esse é um modelo de interação que vai transformar ainda mais o segmento da pecuária”, finaliza.