POLÊMICA CONTINUA

Após laudo confirmar maus-tratos em búfalas, fazendeiro é procurado pela polícia

Documento elaborado por peritos mostrou que animais passaram mais de um período sem alimentação adequada

Por Paulo Santos, de São Paulo (SP)
17 de janeiro de 2022 às 18h10

O caso de maus-tratos em búfalas, na fazenda Água Sumida, em Brotas (SP), segue causando comoção nas redes sociais. Um laudo da Universidade de São Paulo, elaborado em conjunto com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), confirmou a suspeita da polícia de que os animais da propriedade foram vítimas de maus-tratos.

Erika de Sousa, perita técnica ambiental responsável pelo laudo, destaca que os exames realizados nas búfalas que estão na propriedade confirmaram a falta de cuidado com os animais.

“Encontramos no casco das búfalas linhas de estresse que indicam três períodos de estresse no período de um ano, onde elas ficaram com acesso restrito a água e comida. O dono alegou que a estiagem na região impediu a oferta de alimento para o rebanho, mas a seca não foi severa. Tanto é verdade que os animais na propriedade vizinha apresentaram boas condições”, explica a perita.

Peritos, membros de ONGs e policiais ajudaram a levantar informações sobre a situação das ‘Búfalas de Brotas’ Foto: Érika Sousa

Desde que o caso das ‘Búfalas de Brotas’ ganhou destaque em novembro do ano passado, o dono da fazenda Água Sumida, Luiz de Souza, não assumiu a responsabilidade pela condição dos animais. Ele chegou a ser preso ainda em novembro, mas foi solto após pagamento de fiança. Após a conclusão do laudo, a polícia de Brotas emitiu novo mandado de prisão em dezembro. Mas, o proprietário da fazenda está foragido, segundo informou o delegado da Polícia Civil de Brotas, Douglas do Amaral.

Além do bem-estar dos animais, o laudo técnico apontou irregularidades ambientais na propriedade, como valas que eram utilizadas para o descarte de búfalas mortas, mas que estavam próximas a nascentes. Ainda segundo o laudo, uma espécie de ‘cemitério’ a céu aberto foi encontrado no local, com 11 animais mortos. Apesar da experiência com a análise de maus-tratos em animais, a falta de trato com as búfalas chamou a atenção da perita Érika.

“A forma como os animais foram deixados era cruel. A fazenda tinha animais com escore corporal muito baixo, e mesmo assim, o dono fazia elas ficarem prenhas. Nós encontramos vacas com bezerros mortos devido à condição frágil dos animais”, diz Érika.

Perícia encontrou corpos de búfalas a céu aberto Foto: Érika Sousa

Quem está cuidando das búfalas?

Com o dono da fazenda foragido, o cuidado dos animais na propriedade em Brotas é feito por Organizações não Governamentais (ONGs), entre elas, a Amor e Respeito Animal (ARA), que neste momento monitora 1006 búfalos, além de 47 cavalos.

“Todos os animais continuam sendo monitorados diariamente. Fizemos a divisão em piquetes dos mais debilitados para um melhor acompanhamento. Além disso, já começaram os nascimentos. Temos seis que nasceram saudáveis nas últimas semanas”, destaca um dos fundadores da ARA, Alex Parente.

A reportagem do Canal Rural tentou entrar em contato com o fazendeiro Luiz de Souza, mas até a publicação desta matéria ele não atendeu aos questionamentos da nossa equipe.