PASTO EXTRAORDINÁRIO

Projeto de pecuária na Amazônia se adequa às leis ambientais sem diminuir rebanho

Fazendas do Grupo Rio Vermelho, que foi um dos pioneiros a produzir na região, investe em áreas de preservação e ILP

Por Redação Canal do Criador
14 de dezembro de 2021 às 11h20

No início da década de 70, um dos projetos de pecuária mais antigos e bem sucedidos da Amazônia teve início. Sob o comando do pecuarista Roque Quagliato, a Fazenda Rio Vermelho deu seus primeiros passos no município de Xinguara, na região sul do Pará. Atualmente, o grupo é um dos maiores produtores de proteína animal do país, aliando preservação ambiental e alta produtividade.

O pecuarista conta que no começo havia bastante incentivo do governo para levar empresários de outras partes do Brasil para lá. “Quando entrou o governo militar ele tinha um lema sobre a Amazônia, ele queria explorar a Amazônia, então o lema era ‘integrar pra não entregar’. Porque como a gente vê hoje, naquele tempo o mundo inteiro já estava de olho na Amazônia. Isso aí não é história de hoje não, isso aí é antigo”, lembrou ele em entrevista ao programa Pasto Extraordinário, que vai ao ar pelo Canal do Criador.

Na época, os Irmãos Quagliato tinham negócios em outras regiões do país e estavam pensando em ampliar a atividade pecuária quando receberam a oferta das terras no Pará. “Nos ofereceram uma gleba, ou melhor, seis glebas de terra, que dá 4.300 hectares cada gleba”, conta Roque, acrescentando que eles acharam que o lugar era ideal e o preço era muito barato. “A ideia era vamos comprar aqui, a hora que passar essa estrada vai pra Belém e Belém pra exportar fica perto de tudo”.

Apesar do preço em conta, a região não tinha nenhuma infraestrutura. “Aqui não tinha estrada, esse mundo aqui do sul do Pará, daqui até Belém, não tinha nada, as cidades eram todas ribeirinhas e muito poucas”, lembra o pecuarista. No entanto, as dificuldades valeram a pena. “[Nós conseguimos] fazer fechar a conta, criamos um gado de alta genética, cada vez melhorando mais, continuamos inseminando, hoje diminuímos um pouco, trabalhamos com 30, 35 mil vacas, touros vão pro programa de inseminação e repasse”, destaca ele.

Produção sustentável

Quagliato admite que naquela época não se falava em preservação ambiental, mas ressalta que desde que o tema passou a ser mais difundido, o grupo vem se adequando às exigências da legislação. “Lá no começo, confesso que não havia grande consciência de preservação, de várzea, de áreas de APP (Áreas de Preservação permanente), não havia, era outra consciência. Ninguém falava em preservar isso. Depois é que veio pra restaurar, recuperar, o que nós passamos a fazer. Hoje eu posso afirmar que o produtor rural, o empresário rural, principalmente aqui do Pará, ele está consciente que tem que preservar”.

Sendo assim, há quase duas décadas o Grupo Rio Vermelho vem permitindo que em alguns locais a vegetação nativa se recupere naturalmente, além de investir na recuperação das áreas de APP. Outra aliada para otimizar a área produtiva das fazendas é a Integração Lavoura Pecuária (ILP). Com a utilização da técnica não foi necessário diminuir o tamanho do rebanho para aumentar as áreas de preservação.

Roque Quagliato também dá outras dicas para melhorar a nutrição dos animais e reduzir as áreas de pastagens. “Você tem que dividir pasto, diminuir pasto, o [manejo] rotacionado ajuda muito. E logicamente não ter concorrente, não ter erva daninha, daí você usa os parceiros, tipo a Corteva, que tem nos ajudado”, orienta o pecuarista.

Outra prioridade para o grupo é o bem-estar dos colaboradores. “Outra coisa que eu gostaria de falar, que é muito importante, é a parte social, aquela obrigação social, compromisso social que você tem com os seus colaboradores. Então a gente procura atender com escola, saúde, em todas as fazendas nós mantemos o menor aprendiz […], então são coisas que a gente faz”, finaliza Roque Quagliato.

Além da entrevista exclusiva com o pecuarista, esta edição do Pasto Extraordinário também conversou com o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e com o ex-ministro e relator do Código Florestal, Aldo Rebelo. A equipe do programa também esteve na sede da Esalq/USP para um bate-papo com o professor Dante Pazzanese Lanna sobre a contribuição da ciência e da tecnologia para a evolução da pecuária. Confira o programa na íntegra abaixo:

Sobre o programa Pasto Extraordinário

Produzir com rentabilidade e também com respeito ao meio ambiente, cuidando da sociedade e priorizando o bem-estar animal. Esses são os pilares para o crescimento sustentável da pecuária nacional que estão presentes no programa Pasto Extraordinário.

O projeto visa contribuir com o desenvolvimento da cadeia produtiva por meio de muito conteúdo relacionado aos seguintes temas: Sinergia, Sustentabilidade, Socioeconômico e Sucesso. Esses quatro compromissos fazem parte da Plataforma-S, um projeto da Corteva Agriscience, que busca, por meio de diferentes iniciativas, honrar o compromisso da empresa com a pecuária brasileira.

O programa vai ao ar toda segunda-feira, às 6h, com reprise às quartas, às 18h, no Canal do Criador. Você pode assistir pela SKY 166, na NET nos canais 197 e 697 nas principais praças pecuárias e Parabólica digital e analógica. Também é possível se manter atualizado com informações sobre o universo da pecuária no blog do Pasto Extraordinário. Não deixe de acompanhar!